Sou uma ouvinte nata, mesmo quando não sou convidada para a conversa em questão. Adoro prestar atenção ao meu redor e já fiz vários textos só observando o outro. Ou tantos outros.E como o assunto relacionamento está recorrente, parece que tudo que tem haver com namoros e amores flui para os meus ouvidos. Outro dia, no elevador, ouvi esse diálogo:

crinças casando– Sinceramente, acho que seria muito melhor se fosse como antigamente. Com 5 anos a gente saberia com quem iria casar, não preocupava em procurar ninguém, não teria as decepções, só aceitava o pretendente e fim. Imagina o tempo que ia nos poupar!

– É verdade, a evolução também tem o seu lado ruim…

E fiquei imaginando como isso seria bom ou ruim se ainda fosse verdade. Tudo bem, existem países que ainda é. Mas aqui, na nossa realidade: Será que as decepções amorosas são tão ruins assim? Será que as pessoas não perceberam ainda que, para acertar, é preciso errar?

O que me vem à mente é que as pessoas acham que relacionamento é formula pronta. Alguém vai chegar, montado em um cavalo branco ou no carro do ano, nos pegar pelos braços, nos beijar apaixonadamente e seremos felizes para sempre. Como nos Contos de Fada.

Mas os Contos de Fadas, com aquela velha história do “Felizes para sempre” esquece de falar da rotina. Do dia a dia que traz todos os percalços de um relacionamento. Dizem que, se Romeu e Julieta não tivessem morrido, jamais teriam dado certo. Imagina cada um ter que aguentar famílias inimigas? Sogros e sogras que já se odiavam? E a Branca de Neve com 7 outros homens para sentir ciúmes do princípe? E quando a Bela Adormecida tivesse filhos, iria ter tempo para cochilar?

Pois nessa busca incessante do perfeito, esquecemos das nossas grandes e imensas imperfeições. Afinal, com todas as facilidades de hoje, ninguém tem tempo a perder. E os pequenos defeitos são simplesmente trocados por outros, em fotos de aplicativos. Mas foto não fala, não reclama, não tem cheiro e nem TPM. É na hora do olho no olho que todo o resto importa. E como importa!

Afinal, muito mais do que alguém que faça os olhinhos brilharem e a nuca arrepiar, precisamos daquele colo gostoso, do afago sem interesse, do apenas estar junto. Com defeito. É na imperfeição que deixamos a vida mais atrevida e é respeitando as diferenças que crescemos em um relacionamento.

Claro que existem defeitos e defeitos. Mau-caratismo não tem perdão, falta de educação também não. As feministas que me perdoem, mas mulher tem que ser tratada com delicadeza sim. Um homem que abre a porta do carro, nos dá o lugar no restaurante e faz alguns agrados providenciais conquista meu coração. Mesmo cheio de defeitos.

E tem defeitos que se tornam charme. Quando o julgamento amolece e a alma aprende a relevar, coisas como excesso de organização – que conseguiam me irritar – se tornam cosquinhas de distração. E se o outro ainda fala que o meu jeito maluco e absolutamente distraído o atraem… Ah, querido leitor… É pura paz nesse coração.