Tenho namorados desde os meus 15 anos. Uma ou outra ficada antes, mas namoro sério, só depois da valsa e do vestido branco. E esse namoro sério – se é que algum adolescente leva realmente alguma coisa a sério – durou 2 anos. Terminou porque deixamos de nos curtir – ninguém ama aos 15, nem aos 17 – e nos tornamos amigos. Até hoje somos. Ele marcou a minha vida e eu a dele, de maneira leve a até divertida.

Depois, mais madura e maliciosa, fui de encontro a minha felicidade e desilusão em outras bocas, corpos e lábias. E olha…Quanta lábia! O homem realmente é mestre em nos impressionar e desde cedo vi que o grande negócio era ser amiga desses senhores. Amiga, amante, ouvinte…Tudo para entender esse imenso universo de desculpas e desaparecimentos sem razão.

E fui aprendendo com cada um deles o porque de não ligarem no dia seguinte, de quererem conversar antes de terminar oficialmente, de sumirem nos finais de semana, de alegar problemas no trabalho, doença de mãe, dor de ouvido de cachorro…Eles tem uma lista infinita de boas ideias quando se trata de cafajestagem. Pena que toda essa criatividade não seja usada no que realmente importa.

E o pior é que caímos nas mesmas desculpas, namoro após namoro, sem ao menos questionarmos. Somos tomadas por uma memória de Dory e vamos “caminhando e cantando e seguindo a canção“ até que de repente – de repente? – a pessoa nos dá um golpe nas costas e o mundo todo cai.

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E ficamos pensando o que fizemos de errado. Mas o que é errado no tal amor? Já fui mais fria, esperei o cara ligar, não transei na primeira noite, vivi a minha vida, segui conselhos, elaborei os meus. E vi que não existe método, regra, lei que comande o amor. Não dá para acreditar nem nesses livros que falam que você vai ter o homem que quiser se seguir os dez passos descritos com minúcias nas páginas cheias de esperança. Não acontece assim.

Sabe por que? Porque do outro lado do seu relacionamento existe uma incógnita. Uma pessoa, de carne e osso, que pode gostar de você em um dia e simplesmente sumir no outro. Um homem que declara o seu amor, queira ter filhos, mas de repente se apaixona por outra que mora naquela cidade que ele disse que foi a trabalho.

Ou um homem que jura que a ex é passado, que não passa de um fantasma – fantasma existe, viu? E assombra. – e no meio de uma festa, aquela amiga dele surge perguntando da ex – que de ex não tem nada – e ainda fala que adorou o vestido dela na festa de ontem. ONTEM!!! Passado recente, não?

Tem aqueles que assumem o casamento, mas tem crises de consciência. Te quero, mas não devo. Te como ou bato uma pensando em você? Afinal, o que é traição? Será que você vai se apaixonar? Me perseguir? Destruir minha família? Filosofia demais, ação de menos.

E ainda tem aquele que achamos que é o cara. Que se encaixa em tudo que um dia eu sonhei pra mim. Interesses interessantes, papo bom, inteligência no ponto – nem de menos nem esnobe – beijo ardente, cheiro delicioso. Ok até aí. Teve outros casamentos, algumas exs, filhos, uma história. Super ok, algumas de nós também tem.

Ele chega chegando, querendo construir um novo lar, te chama de amor, te leva no cinema, te faz acreditar de novo. Uma cilada imensa. Desconfie de tudo que seja demais. Nada é de repente e o amor não surge como o fogo. Tesão dá em árvore. O amor precisa do tempo da colheita. Ele tem que ser cultivado. E é para os fortes.

​E um homem forte não é aquele que não tem fraquezas. Todos temos. ​Mas um homem que não assume as próprias fraquezas, não é páreo parar o amor. Não assume você. Não segura as rédeas da própria vida. E nem sempre quer. Ele tem sempre algo mal resolvido, um rabo preso, um talvez. E é nessa que a gente dança. Tentamos ser compreensivas demais, mas ele não precisa de compreensão. Ele precisa de outra vida. E nela, nem sempre, você está.

E aí, amiga, prepare-se para as desculpas. Já ouvi de tudo, desde depressão até falta de grana. Ou as duas coisas juntos. E aí eu me pergunto: Se falta de grana impedisse o amor, só teríamos romances na zona sul!E a depressão? Não pede um cuidado, um porto seguro? Me poupem! O pior é que sempre rola aquela famosa frase: “vamos conversar”, para tentar garantir mais uma transa antes do fim. Fala que cansou, que não tem mais tesão, que quer variar…Mas não inventa. É feio.

Da mesma forma que é feio uma pessoa não ligar no dia seguinte por medo de compromisso. Nem sempre a mulher vai querer a sua ligação,bebê, já parou para pensar nisso?​ Ou sumir nos finais de semana com desculpa de trabalho enquanto sabemos que o trabalho ​t​em nome e sobrenome. E seios. Mentir hora, lugares onde esteve, situações que viveu. Homem sem facebook normalmente é cilada. Quem não quer se expor é porque tem algo a esconder. Ou não?

E no meio de todo esse caos,​ me encontro sempre do mesmo jeito. Caio, ralo o joelho, levanto tirando a poeira. ​Sou dessas. Me apaixono, faço planos, poemas​, beijo como se não houvesse amanhã, faço amor de corpo e alma. Mas parei para pensar, depois de mais um tombo, quando me perguntaram o que eu queria. Em um diálogo meio louco, de puro desejo e transgressão, respondi assim:

Quero um homem que fale simplesmente: Quero você

Não prometa nada

Não pergunte nada

Apenas me faça bem

​Mulher

Feliz​
​E você, qual a sua desculpa?