Adoro ouvir conversas alheias e também conversar com toda e qualquer tipo de pessoa, seja em qual situação for. Me policio muito para não dar pitaco quando um grupo de totais desconhecidos falam de algum assunto que me interessa e já conquistei até alguns amigos através dessa ousadia. Claro que algumas pessoas nunca entenderam nem perdoaram essa louca que se acha no direito de intervir, mas sigo assim.

i-love-lucy-separate-bedsE nessas andanças de por BH, comecei uma conversa amena sobre o tempo com um motorista de táxi e de repente já estava sabendo que o ele, casado há mais de 15 anos, não dormia no mesmo quarto da sua cônjuge.

– Como assim?

– Temos horários muito diferentes e meu sono é muito leve. Depois da primeira semana de casados, tomamos essa resolução. Foi a melhor coisa que fizemos.

Mas como ele já havia me falado que tinha um filho, não hesitei em completar:

– Mas todo o resto é normal, né? Rs…

– Claro! Minha mulher é linda, temos um ótimo casamento – pausa para um suspiro quase incrédulo dessa ainda romântica escritora – mas realmente dormir junto não tem jeito.

E comecei a me lembrar da sensação estranha que tive quando fui dormir pela primeira vez com meu ex marido. Talvez isso justificasses alguns casais dormirem em camas separadas antigamente. Acostumada a ter a cama só pra mim foi, realmente, um sacrifício. Dormir de conchinha é lindo, mas apenas nos primeiros 5 minutos. A posição é desajeitada, dá câimbra no braço e parece ser sempre um convite a algo mais. Preciso de espaço, me esparramar e nenhum tipo de amarra me atrai.

(Isso explica muita coisa)

E me lembrei também do filme Sex and the City, em que a super Carrie Bradshaw fica chocada quando o esposo – que todo mundo gostaria de ter – o deliciosos Big, sugere uns dias de folga um do outro, para se curtirem e fazerem coisas que interessa apenas a cada um. E as reações das amigas são as mais diversas: A mais romântica acha um absurdo , a mais ousada acha ótimo. E ela acaba encontrando um equilíbrio nesse turbilhão.

E esse equilíbrio é absolutamente de cada um. Casas separadas, camas separadas, cidades separadas…O que importa? Tem tanta gente que mora junto, vive grudado e nem por isso tem mais cuidado do que casais lindos que vivem um amor a distância, cheio de romance e cumplicidade. Quem nunca viu casais em restaurantes, absortos em seus celulares, separados por barreiras invisíveis e absolutamente sozinhos em uma relação que deveria ser a dois?

Hoje, depois de acreditar em  convenções e até viver algumas delas, me abri para as mais variadas surpresas que a vida pode trazer. Aprendi que para ser feliz não precisamos de regras, mas de respeito. Respeito por quem a gente ama, mas principalmente pela gente. Junta ou separada, viver o amor plenamente é uma escolha livre, que só precisa do primeiro passo. O resto é entrega e sim.