A partir de hoje teremos semanalmente no Dicas textos incríveis do meu querido amigo Ney Soares sobre a história da moda. Deliciem-se!

O Brasil é hoje considerado uma das maiores potências de moda no mundo, somos grandes produtores têxteis e criamos trabalhos manuais únicos que refletem nosso sucesso nas passarelas internacionais. Apesar de tanta originalidade, o surgimento de moda autoral como ferramente de comunicação brasileira é recente e nasceu em meio a timidez. Para falar sobre o assunto, é necessário voltarmos no tempo e reviver fatos históricos que nos guiaram até aqui.

Em meados do século XIX, Napoleão Bonaparte tornou-se soberano do império da França e seu principal objetivo era se apoderar de toda a Europa. Temendo perder o poder e romper ligações com a Inglaterra, sua principal aliada, a família real portuguesa encontrou no Brasil um esconderijo seguro.

Cerca de quatorze navios, com quase 15 mil pessoas, desembarcaram na América. Após a chegada da linhagem real, Dom João passou alguns dias em Salvador, quando tomou duas decisões que deram uma injeção de ânimo na economia brasileira: a abertura dos portos aos países amistosos e a autorização para a instalação de indústrias, antes coibida por Portugal.

                                                                                                      Josefina pintada em 1801 – Wikimedia Commons

 

Apesar do clima tropical brasileiro, as mulheres da corte permaneciam usando seus vestidos volumosos, saltos e acessórios extravagantes, criando uma estética de desejo social. Com a abertura dos portos brasileiros, produtos vindos da França e da Inglaterra se tornaram comuns no mercado brasileiro, incluindo os trajes que modificaram os costumes da população local.

A indumentária utilizada na colônia era espelho da moda europeia. Conhecida como Moda Império, a maior referência de estilo da época era a Imperatriz Josephine, esposa do Imperador francês Napoleão Bonaparte, personagem símbolo do poder e bom gosto.

A produção do algodão no país, a chegada dos africanos escravizados e a transição do Brasil para uma república fizeram com que novas referências surgissem, assim como o culto nacional e miscigenação cultural. Ainda hoje percebemos resquícios da moda europeia no nosso modo de vestir, as modelagens francesas e italianas acompanham nossas coleções nos recortes e formas estruturadas, acabamentos clássicos, com adaptações de novos materiais e processos de construção.

Seguimos com algumas peças presentes nas passarelas físicas e online dos eventos de moda no Brasil!

 

Ney Roblis Versiani Costa –  Consultor para Indústria Têxtil e sua aplicação em todo segmento do Design de Moda, Interiores e Produtos desde 1998. Professor Universitário desde 2003 (FUMEC, UNI BH, UNA, UNITRI, FACED, UNI ACADEMIA) Profissional de Indústria têxtil desde 1974( Renascença, Santa Elizabeth e Horizonte Têxtil) e SENAI MG por 5 anos.