Tanto o tomara que caia quanto a blusa sem alça são super sensuais e nos remetem a grandes divas do cinema. Mas você sabe a origem dessa peça e como usar sem ser vulgar? Confira no texto de Renata Domingues :

O termo “tomara que caia” surgiu em 1946 como uma variação de roupas íntimas, como os corpetes sem alças. Rita Hayworth, atriz inesquecível de Hollywood, no filme Gilda, foi a primeira a usar um modelo “tomara que caia”, criado por Jean Louis. A década de 1950, que exaltava a perfeição feminina e o luxo, apostava nos tailleurs formais com luvas, para o dia. Mas, para a noite, nos tubinhos tomara que caia.

Já dizia Iris Apfel, ícone da moda aos 90 anos, “le azione sono più eloquenti delle parole”, ou seja, as ações são mais eloquentes dos que as palavras. O que transforma a sociedade é a ação. Sendo assim, a utilização do termo “tomara que caia”, a meu ver, não expressa um sexismo, ou discriminação baseada no gênero ou sexo de uma pessoa. Mais valem as ações, ou o comportamento das mulheres hoje, que representam a moda, ou a expressão do que acontece no mundo. A origem do termo é popular e próxima do significado que os portugueses deram ao modelo “cai, cai”, por ser de fácil deslizamento pelo corpo.

 

A substituição pelo termo “blusa sem alça” ou “vestido sem alça” pode acontecer. A linguagem tem origem, mas também adaptação. Vivemos num mundo de exaltação à igualdade, com razão. A troca do nome por “blusa de alça” pode ser uma campanha para conscientização de comportamento, direitos, luta por uma causa. É válido. Se, por exemplo, tal modelo fosse usado em um enredo discriminatório ou sexista, deveria sim ser banido. Caso contrário, para descrever um modelo criado por um estilista e sua tradição no mundo da moda, talvez não. Pensando dessa forma, ainda há outras expressões que poderiam ser banidas da moda, dependendo do contexto de sua utilização. Conhecemos o maiô “fio dental” por ser mais fino do que o tradicional, por exemplo.

A busca das mulheres por liberdade e o movimento feminista tem impactado a moda positivamente, visto que ela tem a função de conscientização e representa o que se vê nas calçadas da vida. Os “fashion shows” têm sido a prova disso – a presença cada vez maior de diversas culturas e povos na passarela e nas coleções demonstra a importância crescente de respeito e exaltação de grupos vulneráveis.

Como usar: 

O tomara que caia já foi queridinho das mulheres no século 19, nos anos 1930, nos anos 1970, 1990 e volta a ser uma das opções mais desejadas no mundo fashion. Seja na versão romântica (pense em blusas volumosas, com renda, que lembram o vestuário das camponesas de Hollywood) ou na versão moderna, em looks de alfaiataria, é o truque de styling perfeito para atualizar seu visual sem passar calor!

Tire seus vestidos, suas blusas e seus tops do fundo do armário e aprenda os 7 mandamentos (fashion) do tomara que caia e arrase nas suas produções.

1. Valorize o colo!
Colares poderosos, maxibrincos, lenços no cabelo – vale tudo (um de cada vez, please) na hora de escolher os acessórios que irão fazer par com o seu tomara que caia. Aproveite que os ombros estão à mostra e leve a sua bijoux favorita para um passeio.

2. Camponesa, mas nem tanto
Ao usar as famosas blusas em branco, bege e off-white, que vêm acompanhadas de rendas e babados, quebre o romantismo do look com shorts e calças jeans, pantalonas de alfaiataria, jaquetas de couro e até saias em materiais pesados, como veludo e lã.

3. Dê uma chance para os bordados!
Sejam eles em temas étnicos, florais ou abstratos, as blusas e vestidos tomara-que-caia tendem a ser a moldura perfeita para um bordado. Nessas horas, vale investir em joias discretas e delicadas, para não pesar demais o look.

4. Da mais magrinha à mais cheinha…
Toda mulher pode usar o tomara-que-caia – basta se sentir confortável, é claro. Para as magrinhas, vale arriscar em modelos justos, que acompanhem as curvas do corpo; para as gordinhas, as blusas cropped volumosas fazem o equilíbrio perfeito com calças e saias mais justas, deixando a silhueta super feminina.

5. Da festa ao dia a dia, apresentamo-lhes o tubinho tomara que caia
Seja em comprimento midi ou na altura do joelho, é um clássico indiscutível para se ter no guarda-roupa. E não precisa ser em forma de um pretinho básico não, viu? Tons terrosos e até mesmo cores mias vivas, como turquesa e pink, servem de coringa para as mais diversas produções – para o dia, combine com jaqueta jeans e rasteira; para a noite, invista em uma boa jaqueta de couro e um scarpin poderoso.

6. Tomara-que-caia no escritório? Sim!
O segredo aqui está nos complementos – se vai com os ombros à mostra, equilibre o look com calças, saias e sapatos mais clássicos, deixando o visual moderno e elegante. Uma blusa oversized combinada com saia de couro e salto alto, ou uma versão justa sobreposta a calça de alfaiataria e sandália, por exemplo, são boas opções. Nestes casos, deixe o jeans para o final de semana, ok?

7. Estampa que cai bem
Os vestidos tomara que caia estampados são o exemplo perfeito de um look de verão chique, confortável e moderno. Ah, o seu vestido tem babados? Bolinhas? Elástico? Quanto mais, melhor. Combine com sapatilhas, chinelos ou rasteiras, deixe as bijoux em casa e tenha um look que vai da praia à cidade.

E aí, vai aderir?

*Renata Domingues Balbino Munhoz Soares é professora e coordenadora do curso de Pós-Graduação em Direito e Moda da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

FONTE: https://gauchazh.clicrbs.com.br/donna/moda/noticia/2015/01/ele-voltou-os-7-mandamentos-do-tomara-que-caia-cjple0h5v00k2mncnprbobalr.html