A ginecologista Denise Gomes explica sobre o termo que vem ganhando força na mídia e muitas vezes usado de maneira errada.
Nos últimos meses vimos alguns casos que desrespeitam as mulheres durante o momento do parto ou logo após e o nome que damos para isso é violência obstétrica. Entre os tipos de abusos podemos citar alguns como agressões física ou verbal, ignorar a vontade da gestante, realizar procedimentos invasivos ou cirúrgicos que não são autorizados ou necessários, falta de privacidade, negar uso de medicamentos, etc.
Indo na contramão, existem muitos médicos que lutam e realizam procedimentos humanizados, termo que ainda hoje acaba se tornando utilizado de maneira incorreta. A doutora Denise Gomes, ginecologista obstetra e youtuber do canal Mamãe Plena, explicou mais sobre o termo e como humanizar ainda mais esse momento especial da vida das mulheres.
“Após alguns anos trabalhando na assistência ao parto de muitas mulheres, seja no serviço público, privado e acompanhando as seguidoras no Youtube, chego a conclusão que orientação isso nunca é demais. Ela deve ser sempre compartilhada de maneira consciente e por isso sempre recomendo que as paciente pesquisem e se apropriem de sua gestação e conheçam seus direitos”, comentou a doutora Denise Gomes.
Humanização de parto não é sinônimo de que ele será realizado de maneira natural e sem intervenção médica alguma, vai além disso. O foco deve estar em dar toda assistência à família, principalmente a saúde e bem estar da mãe e bebê.
Para a doutora Denise Gomes, quando a gestação é sem riscos e o trabalho de parto evolui de maneira natural, possivelmente não será preciso intervenção alguma. “A mulher deve ficar confortável, recebendo o carinho de quem deseja, geralmente do parceiro, da parceira ou alguém da família, em um ambiente tranquilo, acolhedor, sem pressa. Felizmente esse cenário representa a maioria dos casos”, afirma a médica Denise.
Quando a evolução do trabalho de parto não é tão tranquila, ou a gestação é de risco, as intervenções médicas são necessárias para a vida do bebê ou da mãe. Nesse caso, o ato de humanizar cabe em acolher a paciente que chega em quadro de urgência prontamente, fazer um diagnóstico rapidamente, orientar o casal ou a família sobre a situação, realizar o procedimento como urgência. Mesmo com a cirurgia, também é realizado um parto humanizado por conta do acolhimento da equipe.
“Uma ferramenta muito importante para evitarmos situações de violência obstétrica além das informações que nós, profissionais da saúde, podemos passar durante toda a gestação, é o desenvolvimento do plano de parto. Esse documento é essencial para deixar claro o que a gestante gostaria ou não que fosse feito durante o parto”, comenta a médica.
Na internet pode ser encontrado diversos modelos gratuitos para baixar e desenvolver o seu próprio, completar, imprimir e levar para a maternidade. Além disso, é essencial que o pré-natal seja feito ao longo dos nove meses de gestação.