Adoro sapatos. Namorar sapatos. Comprá-los.E usá-los. Mas a minha obsessão já teve nome: SCHUTZ. Durante alguns meses namorei um par de peep toe cinza com flor roxa maravilhoso! Passava correndo com meus meninos na frente da loja e ficava me imaginando com aquela obra prima, qual roupa usar, quando…

  Um belo dia entrei na loja. Refiz minhas contas de cabeça e pensei: mereço esse luxo! Não é que não tinha mais? Pelo menos não no meu número…Questionei quanto a possibilidade de existir em outra loja, se poderiam verificar e obtive resposta negativa. Parei aí. Vendedora que é vendedora se vira para agradar o cliente. E foi isso que fiz.Para me agradar, lógico!

  Comecei minha busca incessante por aquele par de sapatos. E vou te falar: Quando eu cismo…Liguei para todas as lojas de BH procurando por ele. Descrevia-o com detalhes para as vendedoras e até que achei…só que muito mais caro! Se ele já era caro antes, agora estava quase impossível!

  Quase desisto. Mas meu santo é forte. Santa Bárbara, protetora das mulheres loucas!!! Em uma manhã, antes de viajar para Ouro Preto, cheguei mais cedo no ponto de partida. E onde era? Patio Savassi, templo de todas as vaidades. Entrei com mala e tudo e rodei. Sempre com o mesmo discurso: peep toe cinza, com flor roxa da Schutz. Virou um mantra. Até que entrei na La Porte. Descrevi novamente o meu sonho de consumo quase desistindo e a vendedora, muito solícita, foi buscá-lo. Parecia envolvido em luz celestial! Era ele, o meu Schutz.
 – Só tem esse!
Mas não era o meu número. De novo, não!!! Quase chorei, juro. Mas quando a vendedora disse que ia verificar em outra loja, tudo mudou. E até o sapato, pois o que tinha na loja era preto e rosa e o meu era cinza e roxo. Para qualquer homem eles seriam iguais, mas não para nós… Perfeito!
 – Até quinta feira você consegue?
 – Claro!
 – Assim que chegar de viagem eu volto aqui.

  Fui para Ouro Preto, trabalhei, curti. E assim que cheguei, mal tive tempo de deixar as malas em casa. Esqueci o cansaço, peguei os meus pimpolhos e avisei:
 – Antes de qualquer coisa, eu vou comprar o meu sapato!
 – Ah, nem, mãe…
 – Sem chance. É prioridade!
Entrei na loja, verifiquei, calcei. Enzo quase destruiu os outros pares de sapato na vitrine e Victor morria de tédio. Mas comprei. Meu primeiro Schutz. Só não dormi com ele poque não queria estragar, mas me senti uma criança em dia de Natal.Valeu a pena a espera, o preço, a loucura. E no outro dia, lá estava eu, desfilando a minha flor roxa…LUXO SÓ!