“Os homens distinguem-se pelo que fazem; as mulheres, pelo que levam os homens a fazer”.

Carlos Drummond de Andrade

gilda-helpHá muitos anos atrás uma senhora que nem me conhecia me encarou e disse:

– Você é atrevida, né?

– Sou. Mas como a senhora sabe?

– Esse nariz em pé. Minha cunhada tem. É nariz de gente atrevida. – Simples assim.

Claro que depois estávamos bebendo cerveja juntas e rindo da vida. Mas entendi que sou, sim, atrevida. E isso transborda. Não tenho medo e nem vergonhas descabidas. Sempre encarei as coisas de frente, não levava – hoje sou mais mansa – desaforo pra casa e me atrevia até nos relacionamentos. Mas todo esse atrevimento, para uma mulher, tem um preço alto.

Convidar um homem para sair – na teoria – pode parecer normal, corriqueiro, mas vai fazer isso na prática. Eles se assustam. Acham que você está desesperada, doida atrás de um compromisso. E recuam, como se fossem o último biscoito do pacote. Sou menos respeitosa por me atrever?

Parece que ainda paira sobre todos nós aquela ideia de que existem mulheres para transar e aquelas para casar. Meninas “casadoiras” são recatadas, não riem alto, não falam palavrão, não usam roupas curtas, não bebem, não gozam. E não são felizes também.

Porque, no fim, elas percebem que aquilo tudo é apenas aparência. O homem quer esse tipo de mulher para mostrar para a sociedade – papo mais brega – mas adora a atrevida que não tem medo do prazer. Desde sempre e, imagino, para sempre.

Quantas de nós não conhecem casamentos de fachada e também mulheres bacanas que são super resolvidas mas não conseguem namorar? As histórias se repetem: parece que o homem tem sempre medo de quem se atreve. E de onde vem esse medo? De uma sociedade machista em que o outro sempre vai te julgar. Mulher independente? Não presta.

Mas vamos voltar ao que interessa. Sou independente e presto demais. Então, para esclarecer: SE eu convido alguém para algo não quer dizer que precise daquela companhia. Não quer dizer que eu dependo do outro para sair. Vou a qualquer lugar sozinha, me divirto a beça, adoro a minha própria cia. E, se alguns dos meus vários amigos está disponível, chamo também.

Mas, se você teve a sorte de ser convidado por uma mulher, qualquer que seja, entenda – de uma vez por todas – duas coisas:

1 – Você tem sorte de ter encontrado uma mulher de atitude.

2 – Da mesma forma que ela teve atitude com você, ela pode ter com outro. E isso não quer dizer que ela seja promíscua, apenas que você não é tão interessante assim.

Então, não espere um segundo convite. Mulher cansa, desiste, e procura o próximo contato do whatsapp. Fazer joguinho é coisa de menino e preconceito é coisa de gente burra. Ninguém precisa dessa postura  demodée.  Abra sua mente, suas pernas, e seja feliz!

 

“Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura”

Martha Medeiros