E ela abre as pernas, dona de seu corpo e de sua sexualidade: “Sempre me sinto mais a vontade com algo duro entre as pernas.” As mulheres se entreolham, chocadas: “Estou aqui em frente a vocês como um capacho. Quer dizer, como uma artista feminina. Obrigada por reconhecerem minha habilidade de dar continuidade à minha carreira por 34 anos diante do sexismo e da misoginia gritante, e do bullying e abuso constante.”
Essa cena aconteceu durante o discurso de Madonna, quando ela recebeu o prêmio de mulher do ano. Em um discurso que mexeu com o mundo, ela fala sobre estupro, AIDS e feminismo. Mostra que, mesmo na sociedade que se diz moderna, ser mulher ainda é um desafio. Mostra que ainda não sabemos lidar com a tal “liberdade sexual.” Madonna escancara as feridas e choca com uma sinceridade cortante. Ter desejo? É coisa de puta. Ser autêntica? É para poucas:
“Não há regras se você é um garoto. Há regras se você é uma garota. Se você é uma garota, você tem que jogar o jogo. Você tem permissão para ser bonita, fofa e sexy. Mas não pareça muito esperta. Não aja como você tivesse uma opinião que vá contra o status quo. Você pode ser objetificada pelos homens e pode se vestir como uma prostituta, mas não assuma e se orgulhe da vadia em você. E não, eu repito, não compartilhe suas próprias fantasias sexuais com o mundo.
Isso parece ridículo, mas a mulher ainda não tem direito pleno ao prazer. Em conversas com amigos, a mulher é sempre aquela que “não gosta tanto de sexo”, “não precisa transar tanto quanto o homem”, “só trai por amor”. Uma mulher que gosta de sexo é considerada vulgar, como se aquilo fosse errado. Homens se casam com as ditas “puras”, ou que sabem fingir melhor.
“Seja o que homens querem que você seja, e mais importante, seja alguém com quem as mulheres se sintam confortáveis por você estar perto de outros homens.”
Ser uma mulher separada e independente, mesmo em pleno século 21 é uma ameaça. Me lembro que, logo que me separei, passei o Natal na casa de uma amiga. Comecei a conversar com o marido da sobrinha dela, única e exclusivamente por ele ser gentil e ter um papo bom. A mulher deu um piti e fui obrigada a interromper a conversa e alertá-lo da sua “conduta perigosa”. Ser inteligente também não vale.
Depois disso, me tornei sócia de um clube de BH. Sozinha, com meus dois filhos, pagava a cota, bebia a minha cerveja e conversava com os homens, pois as mulheres nunca me deram uma deixa. Resultado: Fizeram um abaixo assinado para me expulsarem de lá. Parece loucura, mas é real. A minha sorte foi ter um presidente homem, que – claro – não viu fundamento naquilo e ignorou o fato. Mas isso não mudou a postura delas e fui sempre olhada com desprezo e tive caras viradas por onde passasse. Quando? Há apenas alguns anos atrás…
“Mulheres têm sido oprimidas por tanto tempo que elas acreditam no que os homens falam sobre elas. Elas acreditam que elas precisam apoiar um homem. E há alguns homens bons e dignos de serem apoiados, mas não por serem homens, mas porque eles valem a pena. Como mulheres, nós temos que começar a apreciar nosso próprio mérito. Procurem mulheres fortes para que sejam amigas, para que sejam aliadas, para aprender com elas, para as inspirarem, apoiarem e instruírem.”
Sempre pensamos que devemos servir a algum homem. Isso é quase inconsciente. Filhos não fazem os serviços domésticos, pais deixam o trabalho pesado para as mães, chefes humilham e subjugam a inteligência de suas empregadas. Claro que existem exceções, mas elas só ocorrem quando algum paradigma é quebrado. Na maioria das vezes não podemos ter voz, vez, valor. Muitas mulheres competem entre si ao invés de se apoiarem e crescerem juntas. Já ouvi frases do tipo: “Você é muito bonita, não precisa ser inteligente”. OI??? Precisamos retomar a consciência do nosso valor, nos fortalecermos através de nossas fragilidades. E isso é urgente.
“Quero agradecer não apenas a todas as mulheres que me amaram e apoiaram ao longo do caminho; vocês não têm ideia de quanto o apoio de vocês significa. Mas para aqueles que duvidam e para todos que me disseram que eu não poderia, que eu não iria e que eu não deveria, sua resistência me fez mais forte, me fez insistir ainda mais, me fez a lutadora que sou hoje. Me fez a mulher que sou hoje. Então, obrigada.”
Acredito que a vida de toda mulher é um eterno desafio. Temos jornada tripla, somos culpadas dos erros e nem sempre recebemos o mérito das glórias. Mas – apesar de – continuamos na luta. Conquistamos altos cargos, decidimos questões importantes, nos tornamos importantes. Existe hoje um número imenso de mulheres sendo ouvidas, sendo discutidas, sendo relevantes. Nossa voz nunca foi tão forte. E isso é só o começo.
“E por fim, não envelheça. Porque envelhecer é um pecado.”
É só olhar a fissura por plásticas, botox e ginástica. Mulheres vendem a alma para ter um rosto de 15, corpinho de 20, cabelos perfeitos. A mídia incentiva tanto o culto a imagem que não conseguimos mais identificar a idade de uma mulher. Os homens podem ter barriguinha, cabelos grisalhos – é charme – mas nós, amigo, temos que ser perfeitas. Ou melhor: Precisamos que vocês nos achem perfeitas. E quebrar esse ciclo de vaidades é para poucas. Mulheres que vivem da imagem são massacradas quando uma nova ruga aparece. Raiz branca? É desleixo. Lutamos tanto para sermos mais do que corpos, mas ainda somos vistas apenas como lindos troféus. Como valorizar a inteligência se ela não aparece em capa de revista? A responsabilidade de um mundo cada vez mais superficial é de cada uma de nós. Que tal investir no que realmente importa? Ser bonita não é pecado, mas ser inteligente é fundamental. E que morram de inveja, pois a geração que faz acontecer já chegou!
A beleza de uma mulher é necessário para que o homem seja homem, essa diferença entre homem e mulher é que faz a vida mais agradável. Inclusive a beleza da Madonna, sua voz já fizeram muitos homens mais felizes, e muitas mulheres querendo ser iguais a ela. Assim essa essência da beleza feminina é necessária para que o homem seja sempre mais feliz.