Terminar um relacionamento, independente do motivo, é sempre triste e resolvi falar hoje de como homens e mulheres reagem ao fim. Já tive vários e me lembro de ter terminado de formas diferentes, de acordo com a situação. Mas parece que, sempre que o tempo de relacionamento é maior, mais fácil fica de terminar.

fim2Porque, afinal, o que dói mesmo é o fim da paixão. O amor não termina. Ele vira outra coisa. Vira carinho, amizade, consideração. A paixão não. Ela machuca, não leva desaforo pra casa, jura vingança, chora litros e come quilos de chocolate.

Mas é claro que homens e mulheres tem maneiras diferentes de consumir o fim. O que sempre me intrigou é porque, normalmente, são as mulheres que saem das situações de marasmo. O homem parece sempre se acomodar no mais ou menos, no morno. E imagino que essa quase tradição é cultural. Senão, vejamos: Antigamente, o casamento não terminava por falta de tesão; o homem arrumava uma amante e a mulher se conformava em cuidar da casa e dos filhos. E ser corna. Será que mudou tanto assim?

E ai dela se pensasse em ter prazeres carnais com outro homem! Primeiro, que mulher não gozava. Segundo, que o homem tinha a tal honra, que podia ser defendida com sangue e ainda tinha respaldo na lei. Nos horrorizamos com as mulheres do outro lado do mundo que são apedrejadas quando traem, mas aqui não foi muito diferente.

E aí, com a cômoda situação de ter a “mãe dos seus filhos” quietinha e acomodada em casa, o homem se esbaldava com as putas da casas da luz vermelha.  Acho que só o fato de ter luz vermelha é que mudou. Já falei aqui antes que ainda temos a mania de julgar e rotular as pessoas com os conceitos “é pra casar” e “é para uma noite só”. Estou mentindo?

E com a evolução natural da humanidade e a grata surpresa da pílula anticoncepcional  – que nos deu, entre outras coisas, o direito ao prazer pelo prazer e a fuga do estigma de ser mãe todos anos, durante toda a nossa vida fértil – chegamos aos dias de hoje com outra visão de relacionamento. E aí, amigos, é que o fim fica mais próximo.

Porque, ainda hoje, os homens se acomodam em situações de total marasmo. Diferente das mulheres. O relacionamento tá esquisito, não tem mais diálogo, sexo, carinho e eles estão lá, ignorando todos os sinais e se fazendo de feliz para os amigos. E  ainda comendo todas que a sua incompetência permite. Enquanto isso, a mulher continua estudando, malhando, trabalhando e sem tempo para alguém desinteressante e barrigudo. Alguém duvida que queremos sempre mais?

Pode ser que até demais. Estamos realmente muito mais exigentes e até sem paciência. Mas acredito que tudo isso é resultado de anos de opressão, de sufocamento, de não poder fazer aquilo que realmente desejávamos. Sempre fomos muito mais do que mães e donas de casa. Mas só agora tomamos realmente o nosso lugar. Nada de feminismo, amores, apenas constatação dos fatos.

E aí, na hora do fim, somos práticas:

– Não dá? Ok.

– Não tem mais atração? Sem problema, tenho auto estima de sobra.

– Não tá afim de conversar? Nem tenho tanto tempo mesmo.

– Você está me achando fria? Talvez eu já esteja com outro.

Enquanto isso, o homem se agarra a migalhas, sempre querendo uma última transa. Uma “despedida”. Cara, se o sexo acabou, não vai ser no último dia que ele vai ressuscitar. Sexo por sexo é bom no auge do tesão, não como consolo de nada. Sem trocadilhos.

E aí homens e mulheres se despedem para novos rumos. Talvez um novo amor. Às vezes, um mestrado. Algo mais interessante e que comprometa menos a sua integridade emocional. Sempre aconselho meus amigos a se jogaram na esbórnia. Considero quase um desperdício engatar um relacionamento no outro. Então, se deixe levar por sentimentos libidinosos e experimente de tudo um pouco. Corte o cabelo, mude a cor, vá no swing. Depois volte. Com mais auto estima, malícia e novas posições do kama sutra. Afinal, todo fim é frustrante. Foi um projeto que não deu certo. Precisamos cair, engatinhar e levantar para recomeçar tudo outra vez. Mais fortes, claro. E até mais interessantes.  Afinal, infelicidade não combina com o ser humano. Estamos aqui para sermos completos. Sozinhos ou não.

PS: Não se esqueça das regrinhas básicas de como terminar o seu relacionamento, mas não a sua reputação!