Evitar o contato com outras pessoas é uma medida importante para diminuir a transmissão do novo coronavírus. Saiba mais:

Escrito por Lidia Capitani – Redação Minha Vida

Cinemas, centros culturais e museus fechando as portas. Shows e festivais de música adiados. Empresas liberando o home office. A impressão que fica é que o mundo está parando por causa do novo coronavírus. Alguns podem achar que são medidas exageradas, mas a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é clara: evitar totalmente aglomerações de pessoas.

Declarada como pandemia, a COVID-19 já está presente em mais de 150 países e tem mais de 179 mil casos, até o dia 17 de março. No Brasil, a doença foi registrada pela primeira vez no dia 26 de fevereiro, entretanto, vinte dias depois, chegou a 370 casos confirmados, segundo as Secretarias de Saúde dos estados.

O crescimento exponencial de ocorrências no Brasil está próximo do que aconteceu na Itália e China – o que significa que estamos caminhando para um cenário em que a doença pode se espalhar rapidamente.

Diante disso, países como a Espanha já restringiram a circulação de pessoas – estando liberadas apenas as idas ao trabalho, quando não for possível fazê-lo de casa, ou para compras de alimentos e remédios. A medida é conhecida como “distanciamento social” e recomendada por especialistas e órgãos de saúde, a fim de frear a transmissão da doença.

O que é distanciamento social?

O distanciamento social nada mais é do que uma maneira de diminuir a disseminação do coronavírus, de forma a evitar o que os países como Itália e China sofreram, explica a infectologia Dra. Raquel Muarrek. Na prática, as pessoas devem evitar o contato social em qualquer contexto, permanecendo o máximo possível em suas casas.

O principal intuito desta medida é desacelerar a transmissão cruzada do vírus, ou seja, um cenário em que não é possível rastrear onde o paciente contraiu a doença – podendo ter sido no transporte público, no trabalho, dentro de casa ou em qualquer outro lugar.

Além disso, outro objetivo do distanciamento é ter compaixão com aqueles que não possuem um sistema imunológico bom, com os idosos e com quem possui doenças crônicas – considerados integrantes do grupo de risco do coronavírus. Apesar de 80% dos casos apresentarem sintomas leves, os outros 20% têm maior chance de desenvolverem um quadro grave.

O que significa “achatar a curva” da COVID-19?
Tomando como exemplo a Itália, onde há o maior número de infectados fora da China, o número de casos aumentou de três mil no dia 31 de janeiro para mais de nove mil em 9 de março. Este aumento geométrico de ocorrências logo levantou o alerta entre os especialistas.

Como se trata de uma doença de fácil transmissão, o gráfico que representa o aumento de casos apresenta uma curva exponencial, o que significa um aumento vertiginoso de pessoas doentes. Portanto, “achatar a curva” da COVID-19, como explica a infectologista, seria quebrar o ciclo de transmissão do coronavírus e impedir que este aumento chegue a patamares insustentáveis para o sistema de saúde local.

A consequência desta curva vertiginosa é o aumento da transmissão e replicação da doença, o que gera um aumento da mortalidade. No caso do Brasil, a especialista explica que esta curva continuará a subir se não houver intervenção. “Idealmente, é preciso que haja uma intervenção, e o distanciamento foi o modo que outros países optaram, eles fizeram condutas mais restritivas com uma boa resposta”, finaliza.

Além de uma alta taxa de letalidade, a consequência deste aumento exponencial de casos é uma crise na capacidade do sistema de saúde. Assim, o atendimento hospitalar não consegue absorver a quantidade de doentes e faltam leitos de UTI, como ocorreu na Itália e na China.

O mais preocupante é que o Brasil está nesta tendência. “O país está em vigência de subida. Com o aumento semanal que está tendo, o Brasil está entrando [na curva exponencial] e se a gente não bloquear isso agora, vai continuar”, diz Raquel Muarrek.

O caso da gripe espanhola

Raquel ainda cita o exemplo da Gripe Espanhola, em 1918, que foi um caso em que a implementação de medidas restritivas foi usada e funcionou. Um estudo sobre a doença nos Estados Unidos comprovou que estados que adotaram essa restrição de circulação de pessoas frearam o aumento de casos e a mortalidade.

A cidade da Filadélfia, por exemplo, não implementou restrições cedo o suficiente como a cidade de St. Louis, o que resultou numa taxa de mortalidade oito vezes maior que St. Louis e que atingiu seu pico mais cedo. Com a implementação de medidas restritivas antecipadamente, St. Louis conseguiu achatar a curva da gripe espanhola.

Meta é retardar a transmissão

O melhor dos cenários é aquele em que o Brasil consegue “achatar a curva” e alcançar um patamar em que não haja um grande crescimento dos casos. A China, após a implementação da quarentena, está diminuindo o aumento dos casos diários, o que significa uma diminuição da transmissão cruzada. “É a melhor das respostas ou a quase saída do surto”, diz Raquel.

O Coreia do Sul também virou exemplo de como combater o coronavírus. Foi através do distanciamento social que o país conseguiu retardar a transmissão da COVID-19. Segundo o artigo do The Conversation, após a implementação da medida, a taxa de pessoas infectadas caiu de 813 em 29 de fevereiro para 114 em 12 de março.

O objetivo agora, dada a situação do Brasil, é retardar a transmissão. “A gente tem que diminuir a transmissão cruzada. Isto não vai eximir de ter os casos, mas vamos diminuir a multiplicação desgovernada deles. A replicação e a transmissão descontrolada geram um colapso total, na sociedade, na família, no aumento dos riscos, no aumento dos casos graves”, afirma.

Na Itália e na China, a quarentena forçada foi decretada após os países atingirem patamares extremos de contaminação. O Brasil ainda não está no mesmo nível, mas a cidade de São Paulo e o estado do Rio de Janeiro já estão oficialmente em estado de emergência. Se não agirmos agora, o Brasil pode seguir a mesma tendência.

Diferença entre quarentena, isolamento e distanciamento social

Os três são muito parecidos, segundo a infectologista. A quarentena acontece quando a pessoa já está doente, enquanto que o isolamento nem sempre está relacionado à doença, ele pode ser feito por outros motivos. Já o distanciamento social pode ter várias interpretações e pode ser praticado de várias formas.

Distanciamento social: o que podemos fazer?
A infectologista Raquel Muarrek alerta para a necessidade de intervenção imediata. “Precisamos realmente mudar, porque este vírus, como ele está se apresentando, pode se adaptar ao humano. Se não acharmos a cura, uma vacina ou um tratamento, podemos ter essa gripe permanentemente ou em outras versões, igual à gripe H1N1, que a cada ano aparece de novo”, pontua.

Foto: Alena Marchuk/Shutterstock

Manter distância social significa não ter contato social direto com ninguém, o que inclui gestos como apertos de mãos, beijos e abraços, entre outras medidas. Afinal, contato físico é a forma mais fácil de transmissão do vírus. Por isso, confira algumas dicas de como você pode modificar sua rotina para contribuir com o achatamento da curva:

Trabalhar de casa: Se seu trabalho permitir, você pode fazer home office. Assim, evita o transporte público e o contato com colegas de trabalho. Órgãos de saúde também recomendam adiar reuniões ou fazê-las online.

Evitar aglomerações: A recomendação da OMS é evitar espaços em que possa haver uma grande concentração de pessoas, como shoppings, cinemas, shows, eventos culturais e viagens.

Mudar horários: Se a empresa não permite o home office, talvez você consiga negociar a mudança de horário, para não utilizar o transporte público lotado em horários de pico.

Antecipar férias: Outra solução é antecipar suas férias, para conseguir evitar o fluxo de pessoas nas ruas e outros ambientes.

Cancelar ou adiar viagens;

Fazer exercícios em locais abertos: Troque a academia em locais fechados por um exercício ao ar livre.

Manter 1 metro de distância: Se não puder evitar o horário de rush no transporte público, tente manter uma distância segura de um metro das pessoas. Se mesmo assim não for possível, evite falar no transporte para não espalhar gotículas de saliva.

Seguir as recomendações de higiene: Sempre que chegar em casa da rua, troque de roupa, lave as mãos, use álcool em gel 70% e desinfecte objetos e superfícies tocados com frequência, como celulares, brinquedos, maçanetas, corrimão.

Evitar contato físico ou compartilhamento de objetos: Mude a forma de cumprimentar os outros e evite dar apertos de mão, abraços e beijos.

JUNTOS, VAMOS VENCER!