É com grande alegria e orgulho que vou oferecer à vocês 12 músicas que fazem parte da minha história. Nunca imaginei que fosse tão difícil escolher essas musicas, mas foi uma viagem muito prazerosa relembrar momentos da minha vida embalados em belas canções. Musica é algo natural para mim desde que me entendo por gente. Meu avo tocava piano, meus tios piano e violão, alguns cantavam, sempre havia vários e bons discos na minha casa e tudo era muito natural. E como desde criança convivia com boa musica, nada mais natural do que ganhar um lp. E o primeiro foi dos Saltimbancos.

https://www.youtube.com/watch?v=53D_gK90-Hc

Nele, a primeira música que tenho memória afetiva: HISTÓRIA DE UMA GATA, que foi um marco para minha geração. Lembro do LP colorido que tinha em casa, mas nao imaginava que a história por trás dessa magia fosse ainda mais interessante.

O nome original é “I Musicanti” com letras de Sergio Bardotti, música de Luis Enríquez Bacalov e inspirado no conto “Os Músicos de Bremen”, dos irmãos Grimm. Para completar, a obra ganhou versão em português e músicas adicionais de Chico Buarque. Acho que foi aí que começou a minha paixão por Chico, que descreve uma gata que tinha uma vida de dondoca e de repente se viu nas ruas, mas absolutamente livre.

Tenho a música como um presságio do que eu queria para mim: “Nós gatos já nascemos pobres, porém já nascemos livres!” De uma poesia ímpar e encantamento doce, essa liberdade ainda me norteia. Não à toa, tenho 4 gatos em casa e outros 3 na casa de minha mãe. 7 deve ser meu número de sorte!

RITA LEE  – OVELHA NEGRA

Minha musa de adolescência, Rita Lee continua mais atual e interessante do que nunca com suas ideias polêmicas e posturas verdadeiras. Dela, eu tinha uma fita cassete gravada pelo meu primo que tocava incessantemente no meu toca fitas.

“Ovelha Negra”””” era como um hino para uma menina fora dos padrões que queria sempre mais. Não me encaixava em nada e mal sabia que a minha sina ainda nem havia começado. Ela foi feita depois que Rita Lee foi expulsa dos Mutantes e ficou arrasada com a crítica de que ela não tinha o virtuosismo do Rock. Ela só se recuperou quando lançou a música em 1975, se mostrando como se sentiu quando foi expulsa e como se encontrava após 3 anos do ocorrido. Rita Lee simplesmente calou a boca daqueles que falaram mal dela e, mesmo tendo sido tratada como uma ovelha negra, alcançou um sucesso maior do que Os Mutantes. O disco “Fruto Proibido” vendeu 200 mil cópias no ano em que foi lançado, um recorde para um disco de rock nacional. Ainda prefiro ser uma ovelha negra!

MENINA VENENO – RITCHIE

Um abajur cor de carne, um lençol azul…Isso se tornou um pouco obsessivo para mim. O lençol eu tinha, mas o abajur…Essa menina veneno embalou minhas paixões platônicas e me sentia a própria. Fora o amor nutrido por aquele inglês lindo, descoberto por Rita Lee e super conceituado e talentoso.

A música virou hit e foi a canção mais tocada no ano de 1983 nas rádios do Brasil. Fazia parte do álbum Vôo de Coração, pela gravadora CBS.. Há uma versão em espanhol desta canção, “Mi niña veneno”, e outra interpretada por Óscar Athié, conhecida como “Amiga veneno.A MTV Brasil utilizou um trecho do refrão da música como trilha sonora da abertura do programa Meninas Veneno. Eterna.

ROCK DA CACHORRA – EDUARDO DUSEK

A minha primeira consciência político social surgiu com essa musica. “Troque seu cachorro por uma criança pobre” além de irreverente, era absolutamente polêmica e, segundo o próprio Dusek, hoje em dia seria banida, com certeza. Politicamente incorreta e com um questionamento quase agressivo, ela é como um tapa na cara da sociedade que ainda cuida melhor dos seus animaizinhos de estimação e vira a cara para pessoas necessitadas.

A canção “Rock da Cachorra” fez parte do disco Cantando no Banheiro de 1982, composta por Léo Jaime. Esta canção foi a música mais tocada do LP e primeiro lugar das paradas de sucesso de todo o país. Eduardo Dusek começou a carreira artística como pianista de peças de teatro aos quinze anos, quando estudava na Escola Nacional de Música. Mais tarde passou a compor suas próprias canções e montou uma banda, que acabou apadrinhada por Gilberto Gil. Suas composições buscavam aliar sátira e bom humor. Amo!

GAROTA NACIONAL -SKANK

“Aqui nesse mundinho fechado Ela é incrível Com seu vestidinho preto indefectível Eu detesto o jeito dela, mas pensando bem Ela fecha com meus sonhos como ninguém, uh”

Qual menina não queria ser a tal Garota Nacional?

Feita por Francisco Eduardo Amaral e Samuel Rosa, o single “Garota Nacional” foi sucesso no Brasil e liderou a parada espanhola (na versão original) por três meses. A canção foi o único exemplar da música brasileira a integrar a caixa Soundtrack for a Century, lançada para comemorar os 100 anos da Sony Music e fazia parte do álbum O Samba Poconé, de 1996. Ganhou também os Prêmios: MTV VideAward: Video Music Brasil – Escolha da Audiência.

O bar nacional, casa que inspirou a música, era um dos points que eu frequentava, juntamente com o eterno Paco Pigalle e era sensacional. Música de primeira e um ambiente delicioso, foi lá que o saxofonista do Skank, Chico Amaral, teve a inspiração para a música. Bebericava um drink no Bar Nacional e ficou encantado com a menina da mesa ao lado. Segundo Samuel Rosa, “a intenção não era falar da garota nacional, mas falar da mulher que está nos sonhos masculinos. A mulher de uma noite só. Porque na noite seguinte, já não é mais ideal”, disse Samuel Rosa, o vocalista do Skank. Feminismos ou machismos a parte, eu adorava me sentir um pouco a tal Garota Nacional. Quem nunca?

AMENDOIM TORRADINHO – NEY MATOGROSSO

Uma das poucas vezes que cantei na minha vida foi essa música. Estava no Vechio Sogno, com grandes amigos – Ivo Faria nem era o chef principal –e experimentávamos o novo menu, sempre perfeito, acompanhado dos melhores champagnes, acho que foi ai que me empolguei.Cantei a música acompanhada pelo maestro Fernando Gallo, no piano de cauda do local, tomei coragem e fui. Ela tem uma sensualidade quase infantil e foi apresentada pela primeira vez em um teatro de Copacabana pela ainda desconhecida Sylvia Telles (apenas uma amadora de talento em busca de uma oportunidade), na revista musical “Gente de ben e champanhota”. Convidada pela Odeon, Sylvia Telles gravou então “Amendoim Torradinho”, em 1955 e a canção levou Sylvia Telles ao sucesso e a agraciou como a cantora revelação do ano. Várias outras gravações de “Amendoim Torradinho” foram realizadas posteriormente, como as de Angela Maria, Ney Matogrosso, Claudia Telles, dentre outras. A canção esteve presente na trilha sonora da novela “O Sexo dos Anjos” (1989 – Marília Pera) e foi composta por Henrique Beltrão.

VELHA INFÂNCIA – TRIBALISTAS

Tribalistas é um álbum lançado em 2002 pelo supergrupo brasileiro Tribalistas, formado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, em uma colaboração conjunta. Eles se isolaram durante todo o processo e o álbum debutou na primeira posição dos discos mais vendidos no Brasil. Se tornou o sexto álbum consecutivo de Monte a alcançar essa posição na parada musical e o primeiro álbum de Antunes e Brown a alcançar esta posição. Ele vendeu mais de um milhão de cópias somente no Brasil, atingindo o #1 em vendas no país, mesmo com o grupo nunca ter tido feito alguma performance na TV ou dado alguma entrevista em rádio. Foi lançado um DVD contendo os bastidores e todas as faixas do álbum no fim de 2003 e assim como o CD, foi lançado internacionalmente. O DVD contém o processo de gravação de todas as treze faixas do álbum, mostrando Arnaldo, Carlinhos e Marisa no estúdio gravando as canções. Durante os intervalos das canções é possível ver o processo de composição, gravação e ensaio das canções. Também é possível assistir ao making of separado das canções e toda da sintonia entre eles. Ele foi dirigido por Guilherme Ramalho com realização da Phonomotor, Trattoria de Frame e produzido por Leonardo Netto. O projeto foi captado em DV no Rio de Janeiro, entre 8 e 24 de abril de 2002 e a música “Voce é Assim” embalou a minha segunda gestação. Meu Enzo nasceu em 20 de abril do ano seguinte e a música se tornou uma declaração de amor para meus filhos. Você é assim, um sonho pra mim…Meu riso e tao feliz contigo…Hoje, a minha prioridade e estar o máximo de tempo com eles e essa música ainda me emociona. Linda de viver!

CAROLINA – SEU JORGE

A única musica que eu me lembrava e que tinha o meu nome era Carolina do Chico Buarque. Sempre Chico. Mas a sua Carolina era uma menina triste, que Nos seus olhos fundos Guardava tanta dor A dor de todo esse mundo

E era sempre Carolina, nunca Caroline ou Carol. E, de repente, surge Seu Jorge com uma Carol que era uma “menina bem difícil de esquecer
Andar bonito e um brilho no olhar
Tem um jeito adolescente que me faz enlouquecer
E um molejo que eu não vou te enganar…”

Pirei! Em todos os meu aniversários essa música toca, fui em shows esperando ouvir Carol Carol Carol e sempre a coloco quando preciso de um up nas emoções. Se cantarem no meu ouvido então…

A música faz parte do álbum Samba Esporte Fino e deu nome a ele fora do Brasil. Ele marca a estréia solo do cantor, compositor e Multi-instrumentista Seu Jorge, lançado em 2001 em CD pela gravadora Regata no mercado brasileiro e pela gravadora Mr. Bongo fora do Brasil em 2002, em CD e LP.

Seu Jorge teve uma infância dura mas tranquila e foi de tudo um pouco. Mas as variadas profissões nunca ofuscaram o seu verdadeiro desejo de se tornar músico. Desde adolescente, frequentava as rodas de samba cariocas acompanhando o pai e os irmãos em bailes funks e bailes charmes da periferia, e cedo começou a se profissionalizar cantando na noite. Foi aí que a morte de seu irmão Vitório em uma chacina levou a família à desestruturação, e Seu Jorge acabou virando sem-teto por cerca de três anos. A virada se deu quando o clarinetista Paulo Moura o convidou para fazer um teste para um musical de teatro. Foi aprovado e acabou participando de mais de 20 espetáculos com o Teatro da Universidade do Rio de Janeiro, como cantor e ator.

Além da carreira musical, Seu Jorge é um dos donos da cervejaria Karavelle e de dois bares na cidade de São Paulo . Participou também em diversos filmes em sua carreira, como Cidade de Deus, The life Aquatic, Tropa de Elite 2, The escapist, E ai comeu ? entre outros.

Obrigada por me fazer sentir uma maravilha de mulher!

SUTILMENTE  – NANDO REIS

Essa música é quase uma oração, uma poesia sobre relacionamentos que dao certo. Ela coloca o respeito e o limite juntos com o amor e o desejo em doses certas e verdadeiras.

“Sutilmente” é o 2º segundo single oficial do álbum Estandarte da banda mineira de pop/rock Skank. A canção é uma das mais aclamada pelos fãs da banda, surpreendendo o próprio Samuel Rosa. E depois de uma enquete realizada pelo site oficial da banda, foi eleita como o 2° single do disco.Os violões de Sutilmente chamam a atenção na seleção de 12 músicas de Estandarte, o 10º disco do Skank. A música é uma parceria de Samuel Rosa e Nando Reis, que faz oposição dentro do repertório mais rock apresentado pela banda. O videoclipe da canção foi feito em um estúdio cheio de pessoas com roupas coloridas, formando várias coisas (incluindo mosaicos etc.) e recebeu o prêmio de vídeo clipe do ano no VMB 2009, realizado pela MTV Brasil.

O abraço na tristeza, a solidão na loucura, o disfarce na bobeira e o encaixe no fogo. Quero um amor assim!

CAPITU – LUIZ TATIT

Um dia acordei com alguém dizendo que queria ter feito essa musica para mim. Me encontrei e me perdi nessa musica que fala em ser “virtualmente amada amante, real é ainda mais tocante e Não há quem não se encante.

Me senti novamente Capitu, aquela das página de Machado de Assis com a eterna dúvida sobre ter traído ou não seu Bentinho. Foi inspirado nesse romance emblemático que Luiz Tatit se inspirou para compor “Capitu”. Ele escreveu a letra da canção Capitu, e essa maravilha foi gravada por Zélia Duncan e Ná Ozzetti.

Luiz Tatit é membro fundador do Grupo Rumo, representante da vanguarda musical paulista da década de 1980. Com o Grupo RUMO, incluindo compactos, Luiz Tatit gravou no total seis discos, relançados em 2004. A partir da década de 1990 inicia sua carreira solo. E fica o convite: Que tal reler essa grande obra para tentar descobrir as verdades sobre Capitu?

OLHA – IVETE SANGALO

Existem relacionamentos que nos engrandecem e outros que nos marcam para sempre com chagas. Essa música foi a trilha sonora de um desses. Um mês de amor e paixão, de uma cegueira absoluta e entrega total que acabou da mesma maneira que começou: de repente.

Essa música mostra um pouco disso: “Você tem todas as coisas / Que um dia eu sonhei pra mim / A cabeça cheia de problemas não importa eu gosto mesmo assim…” Parece que a gente gosta de sofrer, né?

Essa musica faz parte do álbum “Roberto Carlos”, de 1975, um ano depois que nasci. E mais de 40 anos depois ainda é linda e atual.

“Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor que mais ninguém possui
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui.”

Ai, ai…

ESSA MOÇA – CHICO BUARQUE

E fechamos com Chico, claro. Ele poderia estar presente em todas, pois fez parte da minha vida em quase todos os momentos, de grandes romances ao simples momentos de paixão. Mas essa é fundamental para uma guinada geral depois de um massacre no coração. Quando a moça é a tal da janela Que ele se cansa de cantar E agora está só na dela Botando só pra quebrar. Ou seja: ela não cai mais nas cantadas baratas e recomeça a vida. Necessário, né¿

Chico fez essa música em 1970 e ela faz parte do álbum Chico Buarque de Holanda n.04. Nela, ele radicalizou a crítica à música tropicalista que trasnformou-o, nas palavras do tropicalista Tom Zé, em “avô”. A “moça” é a nova canção tropicalista, que relegou sua trajetória à peça de museu. Através das temáticas novas, da incorporação do rock, da liberdade criadora, e da poética diferenciada, os tropicalistas abriam um caminho modernizador diferente de Chico, que, no calor do debate, foi usado como bastião daqueles que defendiam a música “realmente” brasileira.

Ela também fez parte de uma Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG e procura compreender as mudanças ocorridas nas carreiras sexuais e afetivas de mulheres psicologizadas e intelectualizadas na sociedade ocidental contemporânea.

O importante mesmo é que ela é sensacional!